Recorde de mortes no dia aproxima Brasil do grupo dos dez mais afetados.
O registro de 114 mortes entre segunda e terça em decorrência da covid-19 colocou o Brasil em um perigoso ranking: o dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, o país já registra 667 óbitos em decorrência da doença e um total de 13.717 casos oficiais confirmados. De todos os estados, o único que não contabiliza nenhuma morte é o Tocantins. O que preocupa na aproximação do Brasil desses países é a confirmação de que a crise gerada pelo novo coronavírus está em curva de crescimento. O Ministério da Saúde anunciou que estima que o Brasil entre daqui um mês na fase de aceleração descontrolada de casos do novo coronavírus.
A partir da fase de aceleração, o país deve começar a caminhar rumo ao pico de casos, previsto para o início de junho. A quantidade de casos da doença covid-19 deve começar a desacelerar a partir de meados de junho, na 25ª semana. A projeção torna ainda mais urgente a preocupação com a escassez de leitos de UTI, equipamentos, a sobrecarga do sistema de saúde como um todo, além dos impactos da pandemia na economia. E, nesse cenário, o Brasil ainda se vê às voltas com debates sobre a eficácia do isolamento social, que é orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), e tem de enfrentar a incerteza sobre a permanência de Luiz Henrique Mandetta como ministro da Saúde.
As próximas três a seis semanas serão desafiadoras não só para o Brasil, mas para toda a América Latina, afirmou a diretora da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), ressaltando que tudo dependerá do cumprimento das medidas para evitar os contágios e dos recursos disponíveis. “A situação vai piorar antes de melhorar, e todos precisamos estar preparados para as próximas semanas que serão ainda mais difíceis”, afirmou Carissa Etienne, titular do escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em todo o mundo, o avanço da pandemia preocupa pelo volume de vidas perdidas. Liderando o ranking de países mais afetados, a Itália já registrou 16.523 mortes em decorrência da doença.
Em um cenário preocupante, os Estados Unidos contabilizam 10.943 mortes até o momento, mas a expectativa é que o país ultrapasse os números da Itália em um futuro próximo. Os EUA já são considerados o novo epicentro da pandemia, pois concentram o mais número de casos confirmados, e o pico é esperado para os próximos dias. Hoje, o país bateu um recorde, com quase 2 mil mortes em 24 horas. A França contabiliza 8.911 casos, mas tem enfrentado problemas com essas contabilizações, pois há atraso no envio dos dados ao governo. Em um único dia, o país europeu reportou mais de 800 mortes, mas ressaltou que não eram óbitos ocorridos dentro das 24 horas, e sim atraso nos dados. Segundo o Ministério da Saúde, o pico ainda não foi atingido lá.
A OMS contabiliza os casos enviados pelos governos nacionais e pode haver atraso. Além disso, os próprios governos apontam subnotificação nessas contagens, pois não há capacidade para testar todos os casos suspeitos, como deveria ser feito. O governo brasileiro tem utilizado os dados contabilizados pela Universidade John Hopkins. Na última atualização foram utilizados dados de ontem até as 16h, porém já houve atualização na plataforma e em alguns números, como nos casos dos EUA e França.
Fonte: UOL-SP em 08/04/2020.