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A vida é uma lousa, artigo de Anoushe Duarte Silveira.

2011/09/02   admin

“Esquecer é uma necessidade”. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito”. Quem escreveu isso foi Machado de Assis. E quando li, logo pensei: faz sentido. A vida é uma sucessão de reescrituras, releituras, às vezes melhores que as anteriores, outras vezes não. Mas concordo com Machado de Assis, um novo caso só se escreve depois de apagado o anterior. Isso, numa tentativa  de  se escrever direito, legível. Porque é claro que podemos escrever em cima.  Mas fica algo embolado, ilegível… E assim é a vida. Se a gente não encerra um capítulo, apaga ele da lousa, o próximo vem encavalado, com letras emboladas e construir uma narrativa torna-se muito mais difícil.

No amor, por exemplo, impossível começar um novo caso sem apagar o caso escrito. Fica realmente tudo embolado se houver uma tentativa de sobreposição. Na moda, sobrepor é lindo, uma cor por cima da outra, um vestido por cima de uma blusa, uma imagem por cima da outra. Mas no amor, assim como nos traços da lousa, não: é preciso apagar o amor antigo para se escrever uma nova história. Muitas vezes, numa tentativa desesperada de esquecer logo o amor antigo, a gente tenta colocar imediatamente outra pessoa no lugar, mas parece tão eficaz quanto apagar as palavras da lousa com a mão. Sabe quando a gente não usa o apagador e mete logo a mão para apagar o texto? Pois é, fica aquela mancha branca e quando a gente escreve por cima não se consegue ler nem o que estava escrito antes e nem o que se formou.

Então não há como não concordar com Machado de Assis: no amor, e em muitas ocasiões da vida, esquecer é uma necessidade. Esquecer um amor quando é imperativo construir outro; esquecer mágoas para manter amizades, relações familiares, colegas de trabalho; esquecer desavenças para escrever novos discursos. A gente pode até pegar um giz rosa ou azul para tentar colorir um pouco o novo caso escrito, mas sem apagar o anterior, não adianta, fica mal escrito.

Nessa de esquecer o amor antigo, me lembrei de uma amiga que, após uma sucessão de casos mal sucedidos, me ligou chorando e dizendo que não aguentava mais jogar escovas de dentes fora. Cada namorado que entrava na sua vida e na sua casa, aos poucos, para poupar trabalho, deixava logo a escova de dentes. A entrada da escova de dentes é linda: mais intimidade, mas convivência, mais amor. Porém, o ritual de jogá-la fora, ao término de mais um namoro, tenho que concordar: é terrível. É o começo da tentativa de esquecimento… Fazer o quê: ficar olhando para escovas de dentes?

Portanto, mais uma vez, digo que tenho de concordar com Machado de Assis. A vida é uma lousa e porque não dizer uma sucessão de escovas de dentes jogadas fora. Enquanto a gente não souber colocar no lixo tudo que não nos serve nem mesmo como lição, vamos continuar escrevendo casos embolados, mal resolvidos e colecionando escovas com cerdas desgastadas e duras, totalmente inúteis, que só ocupam o espaço de algo que poderia vir a ser construtivo para a nossa vida.

Anoushe Duarte Silveira é brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em co-autoria, selecionados em concursos literários. 

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