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Millôr Fernandes, sempre original , artigo de Anoushe Duarte Silveira.

2012/03/30   admin

“Eu sofro de mimfobia/ Tenho medo de mim mesmo/ Mas me enfrento todo dia”. Há pessoas que colecionam figurinhas, selos, carros antigos. Esta semana morreu um colecionador de frases, como essa do início do parágrafo, que eu gostaria de ter escrito: Millôr Fernandes. Não só de frases, mas também de talentos, destacou-se como jornalista, escritor, cartunista, pintor, dramaturgo, tradutor, filósofo… E humorista, acima de tudo! Verdadeiramente, uma grande perda para o Brasil.

Millôr tinha um toque de humor perspicaz, irreverente, irônico, até quando opinava sobre si ou situações de sua vida. Na biografia do escritor, feita por ele mesmo, conta que seu pai morreu quando ainda era um bebê e quando tinha apenas 10 anos morreu sua mãe. “Sozinho no mundo, tive a sensação da injustiça da vida e concluí que Deus, em absoluto, não existia. Mas o sentimento foi de paz, que durou para sempre, com relação à religião: a paz da descrença”.

Era apreciador das mulheres. Um eufemismo para mulherengo? Não posso afirmar… Mas levou a fama. No “Poeminha de Louvor ao ‘Strip-tease’ Secular”, ele começa a falar que, quando criança, mulher mostrar o tornozelo era um apelo, já rapazinho viu as primeiras pernas nuas, mas, na praia, e vai narrando a evolução da moda feminina… até que termina: “Surgiu o biquíni/O maiô, de pequeno, ficando mais pequeno/Não se sabendo mais/Até onde um corpo branco/Pode ficar moreno/Deus/a graça é imerecida/Mas dai-me ainda/Uns aninhos de vida!”.

São poucas as pessoas que passam por essa vida tentando fazer dela uma obra original e não um rascunho. Poucas deixam exemplos a serem seguidos, frases a serem questionadas e lembradas, conselhos significativos. Há quem diga que Millôr era o Oscar Wilde brasileiro e não há como negar. Por isso sempre o admirei e invejei… Inveja branca, é claro!

Quem não gostaria de ter escrito, por exemplo, que: “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”, “chato: indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele”, ou “de todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que abstinência”. E a minha preferida: “viver é desenhar sem borracha”.

Um país como o nosso, que tem vocação para o riso, realmente perdeu muito da sua graça com a partida de Millôr, menos de uma semana após o falecimento de Chico Anysio. “Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito”. Com uma mente brilhante como a dele, oitenta e sete anos foram pouco. Para nossa sorte e inspiração, grande parte do que ele viveu e pensou, mesmo sem a certeza de serem traços certos ou errados  já que viver é desenhar sem borracha  está aí, registrado nos textos, nos desenhos, nas peças de teatro, nas traduções e, mais importante ainda, na memória que não se apaga. Todo esse registro vai continuar a nos servir como lição de contestação, de senso crítico, de amor ao país e de talento.

Ao ser perguntado em uma entrevista concedida ao site da revista BRAVO em 2009 sobre o quê as pessoas se lembrariam daqui a200 anos quando mencionarem o nome do Millôr, ele respondeu: “Não acredito em obra, mas depois de 250 anos escrevendo, com aquele negócio de fazer uma frase hoje e outra amanhã, tenho muita coisa, muito pensamento espalhado por aí. ‘Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos muito bem’, por exemplo. É evidente que algumas dessas frases persistirão”. Só não concordo quando ele diz que “todo homem nasce original e morre plágio”, pois, na minha humilde opinião, o considero uma exceção à sua própria regra.

Anoushe Duarte Silveiraé brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em coautoria, selecionados em concursos literários.

Posted in: Artigo   Tags: Millor
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