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Modesta arrogância, artigo de Anoushe Duarte Silveira.

2012/05/14   admin

Assisti outro dias desses à peça “Modéstia”, do diretor argentino Rafael Spregelburg. Resumidamente falando, já que se trata de uma dramaturgia bem complexa, a peça conta duas histórias: uma em Buenos Aires na atualidade e outra na Rússia do século passado. Um verdadeiro quebra-cabeça que trata de várias crises do mundo moderno. Mas o que mais me chamou atenção foi a abordagem da modéstia como pecado.

O texto faz parte de uma heptologia escrita por Spregelburd. Inspirado pela pintura “A Roda dos Pecados Capitais”, de Hieronymus Bosch, o autor decidiu escrever peças sobre o que para ele seriam os sete pecados contemporâneos. A primeira foi “A Inapetência”, seguida de “A Extravagância” (ambas de 1996); e “A Modéstia” (1999). Depois vieram “A Estupidez”; “O Pânico” (2002); “A Paranoia” (2008); e “A Teimosia” (2009).

Nunca pensei na modéstia como pecado, como sinônimo de soberba. Sempre a vi como virtude. E o autor conseguiu chamar a atenção para esse outro lado: “Esse prazer soberbo e culposo de se sentir um pouco menos do que se é, com o objetivo íntimo, talvez, de pagar em cotas cômodas uma dívida infinita”, disse. Provavelmente, um pecado contemporâneo. Por que não?

Muitas vezes exageramos na medida de nossas virtudes. O que vem corroborar o pensamento de que todo excesso é prejudicial, até mesmo daquilo que seria uma qualidade. Mas onde está o limite entre a modéstia e a arrogância? Difícil saber quando o exagero, até mesmo, de uma qualidade torna-se prejudicial…

Na peça, um escritor tuberculoso é convencido pela esposa a tentar vender os direitos de um livro que não é seu, e sim do seu sogro já falecido, em troca de tratamento para sua doença. A ideia era que ele desse continuidade ao livro, mas ele não consegue e sucumbe à doença e à incapacidade de escrever. Talvez a modéstia o tenha impedido de dar prosseguimento a uma linha de raciocínio considerada brilhante por sua esposa e pelo médico.

E assim como o personagem, vemos várias pessoas paralisadas, muitas vezes, pela modéstia. Ouvimos a todo tempo frases como “não sou capaz”, “você não me merece”, “isso é muito para mim”… O mundo aplaude quem se sente assim e condena quem se diz capacitado, quem diz que é bom no que faz, tem confiança no que sente porque é considerado soberbo, arrogante. Como se a modéstia estivesse sempre ligada à humildade e o orgulho de si mesmo sempre fosse uma pretensão.

Sei que é difícil encontrar esses limites, mas gostei bastante da reflexão que o autor da peça se propôs a fazer. Sentir-se menos e até em dívida eterna com a vida não me parece saudável. Por isso, talvez seja tão importante encontrar esse equilíbrio. Tentar ao menos… Porque na nossa imperfeição, não há quem nunca tenha sido inapetente, extravagante, modesto, estúpido, paranoico, teimoso ou entrado em pânico. A questão é o quanto…

“Nas pessoas de capacidade limitada, a modéstia não passa de mera honestidade, mas em quem possui grande talento, é hipocrisia”.
Arthur Schopenhauer

Anoushe Duarte Silveira é brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em coautoria, selecionados em concursos literários. 

Posted in: Artigo
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