Mulheres de social media recebem menos do que homens
Estudo “O Profissional de Inteligência de Mídias Sociais no Brasil”, realizado pela analista Ana Cláudia Zandavalle, analisa média salarial por gênero e regiões
A sexta edição da pesquisa “O Profissional de Inteligência de Mídias Sociais no Brasil”, feita com o objetivo de compreender melhor o universo de mídias sociais brasileiro, analisou a média salarial bruta de profissionais da área. Realizada entre 27 de julho e 31 de agosto de 2016, com 379 entrevistados de 24 estados brasileiros por meio de questionário online no Google Docs, o estudo constatou uma remuneração que vai de R$ 1.501 a R$ 3.000.
Além do crescimento da média salarial, antes entre R$ 1.000 e R$ 2.000, Ana Cláudia Zandavalle, analista de inteligência sênior da Vert Inteligência Digital e responsável pela pesquisa, analisa que “o número de cargos, que ganhavam acima de R$ 6.000, aumentaram e isto foi de encontro com o crescimento de posições especializadas na área”.
O estudo também afirma que os homens passaram a ganhar mais nos cargos de supervisor e gerente, ambas posições táticas, e diretor, que assume caráter estratégico. Enquanto as mulheres destacaram-se na coordenação, também tática, e analista, com função operacional. Porém, no cargo de gerência, os homens chegam a ganhar 81% a mais que mulheres. “Em níveis operacionais, a discrepância é menor”, diz Ana Cláudia Zandavalle, sobre a diferença entre gêneros na profissão de social media. “Essa questão salarial é um recorte de mídias sociais, mas reflete o mercado de trabalho como um todo para a mulher. No ramo da comunicação digital existe uma rede de obstáculos para mulheres chegarem a posições de liderança e o salário é um deles.”, diz Cinara Moura, Gestora de Marketing Digital da Moringa Digital. A gestora também aponta que existem poucas mulheres assumindo cargos de liderança em agências, quando a maioria de pessoas trabalhando nessas agências é de mulheres.
Cinara defende que o mercado precisa atualizar as referências de mulheres que assumem posições de poder. “A mulher, quando líder, é vista como arrogante. É sempre uma figura forte, até meio masculinizada. E nem sempre a gente quer ser esse tipo de mulher. Para se encaixar no estereótipo, a mulher acaba precisando se submeter a muito mais critérios do que um homem, como ser competente, manter a postura, atender aos quesitos sociais, ser firme, se posicionar”, diz. “É um papel dos gestores começar um processo de reeducação, trabalhar autoconfiança, pois é preciso empoderar essas mulheres a pensar em um plano de carreira, por exemplo. Falta preparo da própria agência ao falar de empoderamento.”, complementa Cinara.
Quando cruzados os dados salariais e a posição de emprego por região do Brasil, o Sudeste é a área em que gerentes, supervisores e diretores recebem as melhores remunerações. Já no Centro-Oeste do País, a evidência fica por conta dos cargos de analista e coordenador.
Por Isaque Criscuolo e Victória Navarro – Meio& Mensagem – 08/03/2017.