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O anjo pornográfico convida a espiar, artigo de Anoushe Duarte Silveira.

2012/08/25   admin

Nelson Rodrigues. Foto de Marcia Ramalho

O menino que via o amor pela fechadura completaria 100 anos, no dia 23 de agosto, se estivesse vivo. Falo do revolucionário escritor, dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues. Um homem deslumbrado pela morte e pelo amor e que ousava desnudar em sua obra todo tipo de neurose familiar, sexual, religiosa que “a moral burguesa” tentava e tenta a todo custo esconder, sobretudo na década de 60. Como ele mesmo disse, “se cada um soubesse o que o outro faz dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava”.

Nelson Rodrigues foi taxado de autor maldito, gênio revolucionário de vanguarda, crítico ferrenho da moral burguesa, tarado, louco, obsceno, imoral… Principalmente porque se posicionava contra o discurso homogeneizador, “toda unanimidade é burra”. Suas crônicas, seu teatro, sua literatura não falavam dos chamados “normais”, do atos corriqueiros, do politicamente correto. Ele mostrava a vida como ela é…Porque afinal, o que é normal?

Nelson Rodrigues. Foto de Marcia Ramalho.

Esse homem que revolucionou o teatro trazia para a cena um olhar duro sobre a realidade e o ser humano, apresentava a vida nua e crua, sem maquiagem, sem a dosagem adequada de verniz social. Nada convencional… E justamente por abordar aquilo que permeia a cabeça de todos, mas ninguém ousa falar, nem sempre foi bem aceito e entendido. Para os que falam demais, a resposta:

“Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzisses, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.”

A sua própria vida foi marcada por grandes e precoces tragédias. Talvez, tenham sido o ingrediente para sua genial e aterrorizante imaginação. Não só a sua vida, mas também sua enorme percepção de cronista que enxerga as sutilezas e adjetiva os fatos. Olhar atento e aguçado que vê e transforma em arte o que normalmente se busca esquecer, empurrar para debaixo do tapete, aqueles momentos em que até os mais decentes e dignos apodrecem…

O menino Nelson Rodrigues espiou pelo buraco da fechadura e contou o que viu. Esta aí, mais atual que nunca, rediscutido, remontado, relançado. E, acima de tudo, estimulando, no indivíduo, a coragem para espiar.

“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.”

Anoushe Duarte Silveira é brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em co-autoria, selecionados em concursos literários.

Posted in: Artigo   Tags: crônicas, menino, vanguarda
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