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O sangue do escritor, artigo de Anoushe Duarte Silveira.

2012/03/17   admin

Por que escrever é tão intenso? Já ouvi ou li a descrição de alguns autores sobre o processo da escrita e muitos deles têm o ato de escrever como uma necessidade quase fisiológica. Conseguir ver e descrever o mundo em palavras transforma o seu dia, o seu humor, a sua capacidade de lidar com as pessoas e cria um canal de relacionamento com o mundo compulsório, pois mesmo aqueles que tentam se isolar da sociedade se expõem ao deixar aflorar essa arte.

O escritor turco Orhan Pamuk, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2006, disse na Conferência Puterbaugh que para ser feliz, precisa da sua dose diária de literatura. “…Para mim, literatura é remédio…” Como não concordar? É remédio que liberta a alma, por isso muitos autores afirmam que não escrevem para os outros, mas para si, para o seu próprio entendimento e cura. Uma espécie de catarse para minimizar angústias, tensões, compartilhar pensamentos, liberar protestos que não puderam ser ditos.

Escrever é levar a cabo a última gota de sentimento sobre algo que não seria exposto, não seria debatido e criticado, algo que ficaria como uma ideia apartada do mundo real. Como bem disse Clarice Lispector: “Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador…”

E existem pessoas que não conseguem guardar para si qualquer tipo de sentimento vago e sufocador. Nesse momento, então, nasce o escritor e liberta-se uma alma. Porque até então, as palavras inquietantes estavam amarradas e condenadas à masmorra do pensamento e as palavras vagas estavam isoladas sem o complemento que lhes dessem sentido quando foram encontradas pelo leitor.

Assim, é intenso escrever porque é remédio, é canal que liberta sentimentos e ideias, que mostra ao mundo os que se valem da escrita para sair do isolamento que a vida nos impõe. É visceral, portanto é triste e alegre, é vida e morte, é encontro e desencontro, é realidade e criação. É o verbo que registra, que conta uma história, que simplesmente desabafa e vomita, que esclarece e complica é o sangue do escritor.

“Eu faço versos como quem chora

De desalento… de desencanto…

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.

 

Meu verso é sangue. Volúpia ardente…

Tristeza esparsa… remorso vão…

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.

 

E nestes versos de angústia rouca

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre.”

(Manuel Bandeira)

Anoushe Duarte Silveira é brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em co-autoria, selecionados em concursos literários. 

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