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Redonda rosa de água , artigo de Anoushe Duarte Silveira.

2012/04/05   admin

A percepção dos próprios sentidos muda completamente de uma pessoa para outra. O olhar poético de Pablo Neruda, por exemplo, enxerga uma cebola como “um planeta a reluzir… redonda rosa de água… com escamas de cristal”. A mesma cebola aguça o olfato dos chefes mais exigentes ou tão somente dos amantes de uma boa comida. Não a veem, mas a aspiram como tempero essencial capaz de transformar coisas insossas em sabor. Pintores logo a projetam em cores vivas, material em potencial para a arte. Músicos podem sonorizá-la… Escultores podem inspirar-se numa cebola pra produzir uma bela instalação.

Eu, quando penso em cebola, penso logo em tempero. E para meu espanto maior, não me vem à mente só comida ─ penso logo em gente. Gente é um pouco assim: tem pessoas insossas e temperadas, aceboladas… Qual será o ingrediente que diferencia uma da outra?

O insosso é aquele que pode ter até uma capa bonita ─ belas pernas, olhos, braços… ─ mas foi jogado na gordura sem alho, cebola e sal. Tem olhos bonitos, mas que não dizem nada, olhar vazio; não tem charme no caminhar, dá simples passos, cautelosos, nada ousados; fala muito e não diz nada ou simplesmente nada tem a dizer; não sabe o que fazer com as mãos, não afaga, não dá carinho, não sabe como estendê-las na hora certa. É o tipo de gente que economiza no abraço, no beijo, no olhar. É o tipo de gente que se esconde no medo, nos traumas ─ desculpa ideal par se viver irritantemente contido.

Já a pessoa temperada, na minha humilde opinião, chega e diz a que veio. É aquela refogada em uma panela com alho, cebola, sal, pimenta, tomilho, louro, ufa… E que ficou dourando até pegar gosto. Quase tudo que cair ali fica gostoso… Todo acompanhamento fica bom. É o tipo de gente que vive cercado de gente porque é prazeroso estar ao lado. Os olhares estão sempre voltados para essas pessoas porque seus olhos têm brilho. São o tipo que sabem intervir no tempo certo e, ainda que você não concorde, pensa a respeito, porque não é uma colocação em vão.

Como é bom estar cercada de gente temperada! Que erra, cai, chora e levanta. Que não tem medo de viver porque se não der certo vira “causo” para contar, experiência e até motivo pra rir. Adoro gente acebolada, com várias camadas de experiências tristes e felizes. Porque há momentos em que precisamos chorar, como quando picamos a cebola, mas depois essa mesma cebola vai para a panela e transforma-se em tempero para um delicioso prato a ser saboreado. E assim se tempera a vida!

Anoushe Duarte Silveiraé brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em coautoria, selecionados em concursos literários.

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