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Rubem Braga, a força das palavras, artigo de Anoushe Duarte Silveira

2013/06/03   admin

Rubem Braga

“…Tudo passei; mas tenho tão presente/A grande dor das coisas que passaram,/Que as magoadas iras me ensinaram/A não querer já nunca ser contente…” Rubem Braga costumava dizer que esses versos eram um dos maiores de Camões, por sua beleza ser toda construída com palavras corriqueiras da nossa língua. Talvez essa sua paixão pelo simples explique a popularidade de sua obra, composta de crônicas, sucessivamente esgotadas. Rubem Braga foi considerado, por muitos, o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis. Se estivesse vivo, faria 100 anos este ano.

Poeta, jornalista e cronista, Rubem Braga nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Iniciou seus estudos naquela cidade, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola. Sua família o enviou para Niterói, onde moravam alguns parentes, para estudar no Colégio Salesiano.

Começou a estudar Direito no Rio de Janeiro, mas se formou em Belo Horizonte (MG), em 1932, depois de ter participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução Constitucionalista, em Minas Gerais.

Na capital mineira se casou, em 1936, com Zora Seljan Braga, de quem posteriormente se desquitou. Tiveram um filho, Roberto Braga. Foi nesse ano também que publicou, aos 22 anos, seu primeiro livro, “O Conde e o Passarinho”. Adoro essa crônica!

“Devo confessar preliminarmente que, entre um Conde e um passarinho, prefiro um passarinho. Torço pelo passarinho. Não é por nada. Nem sei mesmo explicar essa preferência. Afinal de contas, um passarinho canta e voa. O Conde não sabe gorjear nem voar. O Conde gorjeia com apitos de usinas, barulheiras enormes, de fábricas espalhadas pelo Brasil, vozes dos operários, dos teares, das máquinas de aço e de carne que trabalham para o Conde. O Conde gorjeia com o dinheiro que entra e sai de seus cofres, o Conde é um industrial, e o Conde é Conde porque é industrial. O passarinho não é industrial, não é Conde, não tem fábricas. Tem um ninho, sabe cantar, sabe voar, é apenas um passarinho e isso é gentil, ser um passarinho.”

Apenas um passarinho, simples assim… Como simples é a crônica. Simples não quer dizer fácil. Não é nada fácil ter o olhar do cronista, descrever aquilo que os outros não veem mesmo estando no mesmo cenário oferecido pela vida. Para muitos, um passarinho é um simples passarinho, já Rubem Braga enxergou gentiliza no se ter um ninho, no saber cantar, no saber voar e viu uma tremenda falta de graça no Conde que não sabia gorjear, porque gorjeava com o dinheiro que saia de seus cofres.

E o cronista lançou vários autores. Em 1960, Rubem Braga fundou com Fernando Sabino e Walter Acosta a Editora do Autor, uma cooperativa. Os sócios se desentenderam e dali surgiu, então, a Editora Sabiá. A Editora do Autor começara com A Revolução dos Jovens Iluminados, de Fernando Sabino, produto da viagem que fizera a Cuba como correspondente do Jornal do Brasil na comitiva de Jânio Quadros, recém-eleito presidente da República.

Dentre os autores estrangeiros, a Editora Sabiá foi quem trouxe para os brasileiros a primeira edição de “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez, lançado em 1968, apenas um ano depois de sair na Colômbia. E “O apanhador no campo de centeio”, de Jerome David Salinger, que havia sido recusado pela Civilização Brasileira.

Quando faleceu, em 1990, era funcionário da TV Globo. Foi um apaixonado por sua vocação, que era escrever. Segundo ele, uma vocação bela e fraca: “o escritor tem amor, mas não tem poder”. Sei não, depende do que ele considerava poder… Não consigo deixar de acreditar na força de suas palavras…

Anoushe Duarte Silveira é brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em co-autoria, selecionados em concursos literários.

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