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Uma Conversa com LUIZ NOVA

2011/08/04   admin

Entendo a política como a ação humana em busca de equacionar a vida e o devir. Sempre há poesia nas ações dos seres humanos. É verdade que vivemos o tempo do horizonte cotidiano e fragmentado. Tempo da velha política hegemonizada pelo indivíduo liberal, catedral de si mesmo, e carcomida pela desesperança da derrota histórica que marca os projetos coletivos. Por isso, é tempo de pouca realização e muita resistência. Mas a resistência é poesia pura, pois é a capacidade humana de se superar e continuar crendo na construção do horizonte, pós-horizonte visível. É a poesia mais profunda de enxergar na sobrevivência um sentido maior que simplesmente sobreviver. Creio que vivemos um tempo de cinza sobre brasa. A expectativa é de quando o vento da história soprará.

A política sempre foi dominada pela pragmática do poder e continuará sendo, enquanto a lógica da sociedade for a da fragmentação da vida e das possibilidades de sua realização. Só teremos plenitude poética, na política, quando for plena, e não parcial e fragmentada, a lógica de abordagem da vida e da sociedade e a equação do futuro. Talvez possamos dizer, assim como disse Kant sobre a modernidade, que forçosamente vivemos a maioridade do homem, na construção poética do futuro. Aí, o caráter absoluto das emoções tem que ser temperado com a objetividade do construir outro mundo. Veja a diferença entre, de um lado e em outra época, a experiência de Che Guevara, ainda hoje, e creio que permanentemente, um justo símbolo da entrega ao compromisso e desejo de emancipação humana. De outro lado, a forte, bela, prática e objetiva experiência do Movimento Zapatista de Chiapas, no México. A poesia do assalto aos céus de um, transformada na construção cotidiana e determinada do caminho e do caminhar diferenciad o no desejo da justiça e libertação. São duas práticas políticas efetivas e determinadas na construção de outro mundo, são poesias da ação política, contextualizadas nos seus diferentes tempos e percepções do momento histórico. Fazer política transformadora nesta quadra histórica demanda, além de todo o compromisso que sempre demandou, conectar o futuro ao cotidiano. Muito mais difícil, mas não menos poético, são só outros versos e outra poesia.

Como funcionam as vísceras da mídia?

A mídia é parte integrante e militante ativa do bloco histórico que comanda o projeto “vitorioso” do capitalismo global, fiel agente ideológico da manutenção da sociedade do capital e do mercado como condutor das regulações. A mídia é empresa; a mídia é o lucro; é a mais valia sistêmica extraída da sociedade; a mídia é a expressão maior do fetiche do espetáculo, sistematizado por Guy Debord. Esse fetiche equaciona, para o capita l, a irrecusável dimensão pública da mídia, na qual expressa a relação assimétrica da diversidade humana e social. Na mídia, o hegemônico aparece absoluto e o contra-hegemônico, quando surge, é sob a crítica do discurso midiático, conservador, sempre sustentado no moralismo e no senso comum. As vísceras da mídia funcionam a partir do lucro, das artimanhas para mantê-lo e do permanente aprimoramento dos mecanismos de naturalização dos interesses hegemônicos.

Me fale um pouco sobre estes 2 grandes temas: a mulher e o mar.

A mulher é a companheira que vai da inexplicável entrega sem reservas à manutenção do mistério de ser única. A mulher é um mar de poesia, uma conquista a ser construída cotidianamente. Um mistério da realização e reprodução da vida. A mulher e o mar são dois mistérios desafiantes e aconchegantes. Como disse Caymmi: “É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar”. É inevitável se entregar aos mist érios de uma mulher e, sob seu dissimulado comando, percorrer o caminho que a paixão indica. A mulher e o mar, o mar e a mulher são mistérios ascendentes, calma e intensidade. Paz e entrega.

Se um extraterrestre lhe perguntasse, o que diabos é a Bahia de todos os santos, o que você responderia?

A Bahia é o futuro que não se realizou. É a ambigüidade da convergência entre o passado representado pela Idade Média e o futuro praticado na ampliação dos mercados, início da modernidade. A Bahia é a dualidade presente na formação brasileira, ampliada no forte presença negra na vida urbana de Salvador, maior porto do hemisfério sul, até o século dezessete. A Bahia é a vida comunitária desigual e compartilhada na sociabilidade descomprometida. A Bahia é toda boa possibilidade que persiste irrealizada. Como uma sociedade que, cedo, absorveu a dinâmica do comércio, mas de forma tardia a disciplina automatizante do industrialismo. Não tem o rigor da produção, mas tem o compromisso com o produzir prazerosamente. A Bahia vive, hoje, uma transição menos rica que no passado, posto que está a se integrar definitivamente no padrão globalizado das metrópoles liberais e suas mazelas, empurrando suas especificidades para os guetos do turismo. “Triste Bahia…”, que não aproveitou a condição de esquecida, para consolidar um novo modo de viver e se integra desprotegida reproduzindo de forma pragmática as mazelas das metrópoles. E podia ser diferente?

Para encerrar, 2 outros grandes temas: a morte e o sertão.

A morte é o absoluto. É o fim. A certeza mais imprevisível. O sertão é a raiz do tempo, do ser humano. É a resistência da vida e da solidariedade. Por ser rústico, é intenso, afirmativo e profundo.

 

Entrevista publicada originalmente no site www.americalatindo.com.br

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