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Livro, um grande amigo, artigo de Anoushe Duarte Silveira

Biblioteca Nacional.
No dia 29 de outubro de 1810, a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil, quando então foi fundada a Biblioteca Nacional. Por isso, escolheram essa data para comemorar o Dia Nacional do Livro. Quando penso na importância do livro, logo me vem à mente uma frase de Monteiro Lobato: “Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar”.
Eu faço essa associação porque onde habita uma criança só pode ser um lindo lugar, embora não seja necessário ser criança para conseguir ter essa experiência com novos lares por meio da leitura. Acho até que nós, adultos, encaramos a leitura com mais inovação por estarmos mais distantes da infância e da capacidade de imaginar. Nós, adultos, é que mais precisamos resgatar mundos diferentes do nosso, porque as crianças, além dos livros, têm muito mais facilidade em criá-los.
Com a leitura, a gente visita lugares sem estar lá e cria outros milhares de cantos para ser a nossa morada. Já fui à Índia, à África, à Austrália, viajei pela América e Japão… Também já fui princesa, bruxa, maga, guerreira, freira, prostituta, escrava, enfim. Basta abrir um livro para ter acesso a um universo de distintas possibilidades…
Além de nos transportar a outros mundos, um livro faz a gente aprender com os tropeços alheios sem precisar vivê-los. Depois da Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, a gente pensa bem antes de seguir pelo caminho não recomendado; não aceita “maçãs” de estranhos a exemplo da Branca de Neve e aprende que mentiras podem nos trazer problemas bem grandes, quem sabe até piores do que ser engolido por uma baleia, como Pinóquio.
Livro é também nosso professor, desde as lições mais simples até as mais complexas. E um grande companheiro e amigo para todas as horas e todos os cantos: avião, praia, cama, banheiro, piscina, sofá, sombra de uma árvore, sozinho ou acompanhado…
O livro pode ser também nosso psicólogo. Nos momentos em que o coração parece explodir e o peito se enche de angústia, nada como ele para acalmar a mente. E, se o coração está tranquilo, vale o inverso, buscamos nele experiências instigantes, que nos movam e nos acelerem. Até travesseiro ele pode ser, afinal, quem nunca adormeceu em cima de um livro…
O mundo precisa mais desse amigo para todas as horas e, quanto mais cedo ele se tornar parte da vida do indivíduo, certamente, mais vezes irá visitá-lo na fase adulta e na velhice. Por isso, difunda essa amizade: compre um livro, dê um de presente, leia outro para uma criança! Como disse a poetisa e contista Cora Coralina:“Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma”. Um amigo sempre acaricia a alma, por isso, a leitura torna-se uma bela maneira de nos fazer crescer cada vez melhores.
Anoushe Duarte Silveira é brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em co-autoria, selecionados em concursos literários.