Outro dia desses, meu filho de apenas quatro anos me fez um alerta: “Mãe, sai logo do banho, quer acabar com a água do planeta?” Parece que as crianças deste milênio têm muito mais consciência ecológica, gentileza urbana e senso de preservação ambiental do que nós, adultos. São pequenas atitudes que fazem tanta diferença e nós, na arrogância de acharmos que tamanho pressupõe sabedoria, vamos deixando questões tão essenciais ao planeta de lado para nos preocupar com o modelo do carro, o tamanho do apartamento, joias, roupas, conquistas muitas vezes desnecessárias…

Na simplicidade de sua pequenez, as crianças já levam a sério a importância de cuidar do nosso meio ambiente, sem o qual ficaremos sem lar. Cuidar de nossa casa – uma lição que parece simples, não? Se não deixamos sacolas se decompondo em nossa sala, se não jogamos lixo no chão do banheiro, se não poluímos o quarto onde dormimos, por que nos tornamos indiferentes aos problemas do nosso lar maior?

Como disse o escritor e poeta francês Victor Hugo: “É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.” Eu diria até que a natureza já passou dessa fase de calmamente falar e está reagindo aos berros ? por meio de terremotos, enchentes, tsunamis ? na esperança de ainda ser ouvida a tempo…

Já exaurimos nossos recursos naturais e a biodiversidade, já queimamos muito carvão e petróleo… Em breve, nossa casa maior será um grande vão: sem água, sem energia, sem condições de ser habitada. E aí, como vamos olhar nos olhos de nossas crianças e dizer que destruímos o seu lar, sua herança? “Desculpa, mas aqui você não pode brincar mais, nem matar sua sede. Sabe aquele mundo colorido – uma vasta mata verde, flores, um sol bem amarelo, um céu azul – que você desenhava? Existe somente no seu imaginário. Agora, criança, não são necessárias tantas canetinhas para pintar sua realidade”. Será que temos esse direito?

E, neste contexto, também não cabe dizer aos nossos filhos “faça o que eu digo e não o que eu faço”, pois o que realmente gera resultados modificadores de nossa realidade é a ação conjunta. Então vamos aprender com as crianças, realizar pequenas ações como economizar água, não usar sacolas plásticas, reciclar, reutilizar, economizar energia, não jogar lixo nas ruas, enfim, fazer a nossa parte. Afinal, “o mundo que a gente quer depende do que a gente faz por ele”.

Bom será o dia em que efetivamente encararmos o meio ambiente como nossa casa. Então, não precisaremos chamar tanta atenção para cuidados tão simples como os que tomamos para deixar em harmonia o nosso lar!

Anoushe Duarte Silveira é brasiliense, jornalista e bacharel em direito, pós graduada em documentário – com especialização em roteiros. Possui textos publicados em jornais e revistas e nos blogs http://www.amigas-da-leitura.blogspot.com/ e http://www.recantodasletras.com.br. Possui livros publicados em co-autoria, selecionados em concursos literários.