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Tag Archives: agricultura

Relatório mostra que commodities agrícolas são responsáveis por mais de um terço do desmatamento tropical ao ano

2016/08/02   admin
Relatório feito em parceria com CDP e WWF mostra como as empresas que representam riscos de desmatamento estão lidando com os impactos ecológicos de suas cadeias de valor.

Relatório feito em parceria com CDP e WWF mostra como as empresas que representam riscos de desmatamento estão lidando com os impactos ecológicos de suas cadeias de valor.

Os quatro maiores commodities agrícolas – óleo de palma, produtos de madeira, soja e gado – são responsáveis por mais de 3,83 milhões de hectares de desmatamento tropical a cada ano – mais de um terço dos 9,9 milhões de hectares de florestas tropicais que são perdidos globalmente por ano. Esses são dados de um novo relatório do projeto Forest Trends’ Supply Change que acompanha o progresso dos 579 compromissos públicos de empresas de todo o mundo que dependem desses produtos, e que se comprometeram a retirar a destruição de florestas de suas cadeias de suprimentos.

O CDP (Carbon Disclosure Project), organização internacional que provê um sistema global único de reporte de impactos ambientais, e o WWF (World Wide Found for Nature), organização não-governamental dedicada à conservação da natureza, foram responsáveis pelo fornecimento dos dados usados do estudo.

Lançado durante o Global Landscapes Forum, em Londres, o “Supply Change: Tracking Corporate Commitments to Deforestation-free Supply Chains, 2016” contempla 566 empresas que representam, pelo menos, US$ 7,3 trilhões em capitalização de mercado e que foram identificadas como tendo riscos de desmatamento vinculados a esses quatro commodities dentro de suas cadeias de suprimentos. Destas empresas, 366 firmaram compromissos para mudar para fontes sustentáveis e livres de desmatamento.

O relatório apontou que as empresas são mais propensas a assumirem compromissos relacionados à palma, madeira e celulose. Das empresas ativas na palma, 61% adotaram compromissos, em comparação com apenas 15% e 19% dessas empresas ativas no gado e na soja, respectivamente. A diferença é alarmante, pois se estima que a produção de gado cause dez vezes mais desmatamento do que a palma.

Em relação às grandes empresas públicas, nota-se que elas assumem mais compromissos do que companhias menores e privadas, como resultado da pressão e padrões mais elevados para a divulgação de instituições financeiras. Muitas dessas grandes empresas são entidades voltadas ao consumidor com sede na América do Norte e na Europa, longe do dano ambiental causado pela agricultura de commodities.

Embora o reporte foque nos quatro principais commodities agrícolas em escala global, são destacados alguns projetos regionais que contribuem para a redução do desmatamento. Na Amazônia brasileira, por exemplo, existem duas iniciativas para reduzir os impactos ambientais provocados pelo desmatamento – a Moratória da Soja e do Acordo de compra de gado. Esses acordos garantem que soja proveniente de áreas desmatadas não será comercializada. Outro exemplo é a JBS, maior produtora de proteína animal do mundo, que desenvolveu um sistema de monitoramento por satélite que supervisiona a gestão sustentável da compra de gado de fornecedores da companhia, para atingir o compromisso de desmatamento zero.

“Desmatamento é um tema que tem tido grande repercussão em todo o mundo e afetado diretamente as grandes cadeias produtivas. O relatório nos mostra um sensível avanço de grandes players do mercado buscando soluções e efetivamente tomando iniciativas para reduzir e garantir que sua matéria prima não venha de áreas desmatadas. Muitas iniciativas citadas ainda são tímidas e ainda há muito que ser feito para alcançar as metas de desmatamento zero planejadas pelas empresas. Outro ponto que chama atenção é a inercia de alguns setores que não tem iniciativas nesse sentido. Acredito que ainda há um grande trabalho de engajamento a ser feito em ambas as pontas do processo, tanto com fornecedores quanto com os clientes, para que eles entendam a importância desse trabalho”, afirma Lauro Marins, gerente do programa CDP Supply Chain na América Latina.

A pesquisa também mostrou que as empresas que operam upstream (produtores, processadores e comerciantes) tendem a assumirem mais compromissos do que suas parceiras downstream (fabricantes e varejistas) – e suas promessas são potencialmente mais impactantes. Os atores upstream representam apenas 26% das empresas controladas, mas 80% têm feito um compromisso, em comparação com 62% das empresas downstream. Além disso, o estudo evidencia que a divulgação atual é insuficiente, uma vez que as empresas só têm relatado progresso quantificável em um de cada três compromissos. Mesmo entre compromissos cujas datas-chave já passaram, as empresas têm revelado progressos em menos da metade.

Veja o Sumário Executivo do “Supply Change: Tracking Corporate Commitments to Deforestation-free Supply Chains, 2016” na íntegra: http://www.forest-trends.org/documents/files/doc_5248.pdf

Colaboração de Sandro Silva, Publicado pelo EcoDebate, 02/08/2016.

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Agricultura comercial causou 70% do desmatamento na América Latina

2016/07/21   admin

Levantamento da FAO mostra que no Brasil, mais de 80% do desmatamento está associado à conversão de terras em pastagens, mas país é elogiado por iniciativa Bolsa Verde, de apoio a famílias pobres. Segundo a FAO, não é preciso acabar com as florestas para produzir mais alimentos.

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Em vários países do mundo, intervenções agrícolas em grande escala contribuíram para o desmatamento, segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.

Na América Latina, por exemplo, o uso extensivo de terras para o pasto e a produção de soja em escala industrial são alguns dos fatores que causaram 70% do desmatamento na região.

Pasto

O relatório apresentado esta segunda-feira pela FAO afirma que no Brasil, mais de 80% do desmatamento está associado à conversão de terras em terrenos para pastagem.

Por outro lado, o país vinculou crédito rural com critérios ambientais, evitando a perda de 270 mil hectares de florestas que seriam utilizados para a produção de carne de vaca.

Famílias Pobres

A FAO também elogia o país pela iniciativa Bolsa Verde, um programa de transferência condicionada de dinheiro que entrega recursos a famílias pobres. Essas famílias precisam manter suas terras e gerar de forma sustentável os recursos naturais.

A agência da ONU destaca a necessidade urgente de se promover mais interações positivas entre agricultura e florestas, focando na agricultura sustentável e promoção da segurança alimentar. Mas a FAO lembra que não é preciso acabar com as florestas para produzir mais alimentos.

Segurança Alimentar

O relatório O Estado das Florestas do Mundo foi apresentado na abertura do Comitê da FAO sobre Florestas, em Roma, na Itália. O diretor-geral da agência, José Graziano da Silva, declarou que a “Agenda 2030 e o Acordo do Clima de Paris reconhecem que não é mais possível ver a segurança alimentar e o manejo dos recursos naturais de forma separada”.

Segundo o levantamento, desde 1990, 20 países melhoraram seus níveis de segurança alimentar enquanto mantiveram ou aumentaram sua cobertura florestal. Chile, China, Gâmbia, Irã, Turquia e Uruguai são algumas dessas nações.

Fonte: Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. Publicado pelo Portal EcoDebate , 21/07/2016.

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Embrapa leva ciência e tecnologia para agricultores familiares

2016/05/02   admin

Horta_BIOS_para_Tecnofam_na_Embrapa_Agropecuaria_Oeste(foto_por_Marcio_Ito)

Os agricultores familiares exercem um importante papel na produção diversificada do Brasil, principalmente na de alimentos. Em Mato Grosso do Sul não é diferente. Para contribuir com o desenvolvimento e fortalecimento da agricultura familiar no Estado, a Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) promove e realiza a Tecnofam 2016, evento de tecnologias e conhecimentos para agricultura familiar. A programação do evento é fundamentada na demonstração de tecnologias e troca de conhecimentos, acontecerá de 11 a 13 de maio de 2016, das 7h30 às 16h30.

São também realizadores do evento o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul através da Secretaria de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf) e Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), a Prefeitura Municipal de Dourados pela Secretaria Municipal de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Semafes) e o Sistema Famasul através do Senar/MS.

O objetivo é proporcionar acesso a diversas tecnologias a campo com foco na diversificação, agregação de valor e sustentabilidade dos sistemas de produção. Além da programação no campo, acontecerá uma mostra de tecnologias, equipamentos, maquinários, implementos agrícolas. Também serão realizadas oficinas nos temas: fruticultura, plantas medicinais e produção de leite.

As várias tecnologias que serão demonstradas a campo têm origem na Embrapa Agropecuária Oeste e em outras Unidades da Embrapa: Algodão, Amazônia Ocidental, Arroz e Feijão, Gado de Corte, Hortaliças, Instrumentação, Mandioca e Fruticultura, Meio Norte, Milho e Sorgo, Pantanal, Suínos e Aves, Tabuleiros Costeiros.

“A Embrapa se preocupa igualmente com todos que fazem da agricultura seu negócio. No caso da Tecnofam, cria-se um ambiente favorável para o conhecimento e a adoção de tecnologias que façam diferença no negócio agrícola de base familiar”, explica o pesquisador Guilherme Asmus, chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste.

Ele ainda reforça que a Tecnofam foi criada para levar ciência e tecnologia para agricultores familiares e que toda a sociedade está convidada a visitar e conhecer o maior evento de tecnologias para agricultura familiar de MS. “É importante modernizar os processos produtivos, respeitando a lógica de escala da pequena propriedade para atribuir maior eficiência e eficácia nas cadeias produtivas. Isso resulta no desenvolvimento da produção de base familiar, de Mato Grosso do Sul e do Brasil”, conclui Asmus.

Tecnologias a campo

Na Tecnofam, os participantes verão no campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste tecnologias para irrigação de baixo custo, sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, novas forrageiras e suplementação alimentar na estação seca para bovinos de leite, sistema Horta Bios e manejo agroecológico do solo, manejo da cultura da goiabeira, opções de adubos verdes de outono/inverno e primavera/verão, segurança alimentar por meio de sistemas de consórcios envolvendo a cultura da mandioca, manejo da cultura do feijoeiro, consórcio milho com forrageiras e Sistema Agroflorestal em bases agroecológicas.

Mostra de máquinas e implementos agrícolas

Na área de mostra dinâmica de tecnologias, máquinas e implementos agrícolas, serão apresentadas tecnologias que contribuem para otimizar a mão de obra ou diversificar a renda em pequenas propriedades, como máquinas para processamento de mandioca, como a descascadora e palitadora de mandioca; equipamentos para a pecuária leiteira e piscicultura, como a prensa manual para fenação; irrigador solar; sistema de aquaponia; fixação Biológica de Nitrogênio; calda bordalesa, entre outras.

Oficinas, feira e atendimento

Serão quatro oficinas práticas, com vagas limitadas. As com inscrições serão feitas no dia. Confira os temas: enxertia de mudas de frutíferas e outros métodos de propagação de plantas, manipulação de plantas medicinais para produção de fitoterápicos, seleção, preparo e plantio de mudas de abacaxi e banana, manejo sanitário em bovinos leiteiros com foco em carrapatos, brucelose e tuberculose.

Haverá também um espaço para feira de produtos da agricultura familiar. Os visitantes poderão conhecer e adquirir diversos itens, como doces à base de goiaba, queijos, licores, banana chips, roupas confeccionadas com algodão colorido, entre outros produtos. No espaço de atendimento institucional, a expectativa é a construção participativa de ações compartilhadas com foco na Agricultura Familiar entre Embrapa Agropecuária Oeste e parceiros, como secretários municipais, gestores de associações e cooperativas e outras entidades que atuem junto à Agricultura Familiar. Um dos exemplos é o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) também estará presente com algumas ações no evento.

Combate ao Aedes

Durante os três dias também serão realizadas ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, em uma parceria entre Embrapa Agropecuária Oeste e Secretaria de Saúde da prefeitura municipal de Dourados. Dentro das diretrizes da Embrapa, está a mobilização em prol de ações que mobilizem clientes internos e externos da instituição para combater o mosquito causador da dengue, zika e chikungunya.

Contatos: [email protected] | (67) 3416-9701

Local: Embrapa Agropecuária Oeste – BR 163, Km 253,6, Dourados/MS

Fonte: [email protected] Em 25/04/2016.

Foto: Fornecida pela EMBRAPA.

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Relatório revela possíveis impactos do aquecimento global no Brasil

2016/03/09   admin

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· Foram analisados diferentes cenários do aquecimento global a 4oC ou mais ao longo de oito décadas (2020-2100);

· Pesquisa realiza projeções de possíveis impactos nos setores de agricultura, saúde, energia e biodiversidade.

A Embaixada Britânica em Brasília e o CEMADEN – Centro de Monitoramento de Alerta de Desastres Naturais / MCTI – Ministério da Ciência e da Tecnologia e Inovação lançaram o relatório Riscos de Mudanças Climática no Brasil e Limites à Adaptação.

O estudo, coordenado no Brasil pelo climatologista Carlos Nobre, revela os principais riscos para o País caso a elevação de temperatura seja superior a 4 oC ou mais. Foram analisados diferentes cenários e projeções do aquecimento global, ao longo de oito décadas (2020-2100), nos setores de agricultura, saúde, energia e biodiversidade. A pesquisa foi realizada por meio de uma minuciosa revisão de literatura e projeções climáticas, incluindo estimativas dos riscos relativos.

O objetivo do trabalho é oferecer informação para formuladores de políticas de gestão de riscos, de maneira a influenciar de forma urgente a formulação de políticas que priorizem a prevenção e a mitigação desses possíveis impactos.

Possíveis Consequências

Vastas regiões do Brasil poderão se tornar perigosas para a população caso o aquecimento global ultrapasse o limite extremo de 4oC em relação à era pré-industrial. Nessas áreas, a temperatura média pode atingir os 30oC – o dobro da média do planeta hoje –, elevando o risco de mortalidade por calor, especialmente entre crianças e idosos. Temperaturas superiores à capacidade de adaptação do organismo humano reduzirão ainda a produtividade em diversas áreas de trabalho.

A agricultura, por exemplo, poderá sofrer quedas de produção. Já que a alta temperatura afeta o desenvolvimento de determinadas culturas e também diminui áreas de cultivos, como é o caso do plantio do arroz e do feijão. O relatório também aponta riscos de savanização de florestas, extinção de espécies, colapsos de energia elétrica, entre outras. Em algumas regiões, o calor e a mudança nas chuvas poderão colaborar para a incidência de doenças.

Possibilidades

O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change) no seu 5º Relatório de Avaliação Cientifica (AR5 – Fifth Assessment Report), indica que há uma chance de 40% do aquecimento global ultrapassar o limite de 2oC. Este nível, considerado seguro por especialistas internacionais, foi estabelecido como limite pelo acordo do Clima na COP-21 até 2100. Caso a temperatura seja maior, há grandes riscos de catástrofes mundiais. Porém, como as chances da temperatura ultrapassar os 2oC são relativamente menores em curto prazo, decisores públicos acabam deixando de lado as projeções mais desfavoráveis ao planeta. No Brasil, num cenário de alta emissão de gases de efeito estufa, o país tem probabilidade alta, maior que 70%, de sofrer um aquecimento superior a 4oC antes do fim deste século.

Alguns possíveis impactos com temperaturas igual ou superior a 4oC:

* Risco de queda de produtividade entre 20% e 81% em diversas culturas. Para um cenário mais grave, a soja pode chegar a uma perda de até 81%.

* No período entre 2071 e 2099, os municípios da região Norte, Nordeste, Sudeste e Sul apresentarão condições térmicas ainda mais favoráveis para a disseminação do aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, chikungunya e zika.

* Aumento no percentual de risco de extinção de espécies de até 15,7%.

* Redução nas populações de espécie de abelhas nativas da Mata Atlântica em 2030 e se agravaria até a extinção entre 2050 e 2080.

* Risco de savanização e empobrecimento de florestas nas décadas finais do século.

* Em 2100, a perda de biodiversidade nas costas brasileiras será significativa, gerando impactos sobre a alimentação e economia.

* O déficit no atendimento da demanda elétrica no país se torna praticamente inevitável até 2040.

Colaboração de Daniel Gonçalves de Oliveira, in EcoDebate, 08/03/2016. www.ecodebate.com.br

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Consequências de agrotóxicos na saúde pública, artigo de Roberto Naime

2016/02/29   admin
Agrotóxicos. Foto de Gervásio Lima.

Agrotóxicos. Foto de Gervásio Lima.

CASSAL et. al. (2014) concluem sua reflexão assegurando que no Brasil, os casos de intoxicação por agrotóxicos apresentam grande subnotificação e descentralização de informações, decorrentes de fatores diversos, como dificuldade de acesso dos agricultores às unidades de saúde, inexistência de centros de saúde em regiões produtoras importantes, dificuldade de diagnóstico e de relacionar os problemas de saúde com a exposição a agrotóxicos, escassez de laboratórios de monitoramento biológico e inexistência de biomarcadores precoces ou confiáveis.

Para CASSAL et. al. (2014), apesar das deficiências de registro, o Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológica (SINITOX) e o Sistema Nacional de Informação de Agravos Notificáveis (SINAN) são uma referência importante. Embora o maior consumo de agrotóxicos ocorra nos países desenvolvidos, grande parte de envenenamentos e mortes causados por agrotóxicos ocorre nos países em desenvolvimento, sendo preocupantes os quadros de contaminação humana e ambiental observados no Brasil.

Esta realidade pode estar associada à utilização desses produtos em excesso, à ocorrência de inadequados padrões ocupacionais e de segurança, ao desconhecimento dos riscos associados a sua utilização e consequente ineficiente uso de equipamentos de proteção individual, a elevados níveis de analfabetismo, à regulamentação e rotulagem insuficientes, a inadequadas ou inexistentes infraestruturas para lavagem dos utensílios, ao manuseio inadequado dos resíduos e das embalagens, ao aproveitamento dos recipientes para armazenar alimentos e água, bem como à grande pressão comercial por parte das empresas distribuidoras e produtoras.

Pode-se acrescentar também a existência de uma fiscalização precária do cumprimento das leis, uma deficiente assistência técnica ao homem do campo e a baixa atenção à saúde (CAMPANHOLA e BETTIOL, 2002; MOREIRA et al., 2002). Como já mencionado anteriormente, o Brasil é o oitavo maior consumidor de agrotóxicos por hectare do mundo, sendo os herbicidas (utilizados na destruição de plantam que impedem o desenvolvimento da cultura desejada) e inseticidas (produto próprio para matar insetos) responsáveis por 60% dos produtos comercializados no país.

LEVIGARD e ROZEMBERG (2004), em trabalho realizado em Nova Friburgo (RJ), a partir de entrevistas com profissionais da área da saúde, onde foram analisadas as formas de tratamento prestado às queixas de “nervos” dos agricultores. Se ressalta o fato dos profissionais na área da saúde estarem preocupados com os hábitos da população no consumo indiscriminado de calmantes, caracterizando a automedicação.

O uso de remédios sem prévia consulta com especialista, com o uso dos agrotóxicos utilizados nas lavouras, acaba por agravar o processo de intoxicação dos indivíduos. Investigações no estado do Rio Grande do Sul também apontam os malefícios da utilização de agrotóxicos para o meio ambiente e população humana.

FARIA et al. (2004), em estudo realizado com trabalhadores rurais cultivadores da fruticultura dos municípios de Antônio Prado e Ipê, constataram que das famílias entrevistadas, 95% informaram utilizar algum tipo de agrotóxico, 73% faziam uso regular de agrotóxicos na agricultura, e que, em média, 75% dos trabalhadores rurais relataram trabalhar regularmente com os agrotóxicos.

Estes autores constaram que a prevalência de exposição agroquímica foi maior entre os homens, estes em 86% dos casos, enquanto em 68% de casos com mulheres. Entre os agricultores, 35% disseram nunca terem usado luvas, máscaras ou roupas de proteção. Em um grupo considerado pelos autores sem escolaridade esse índice foi maior.

Também se percebeu que as intoxicações ocorreram, na maioria das vezes, entre outubro e janeiro, pois neste período devido às temperaturas elevadas, o organismo absorve mais as toxinas liberadas pelos agrotóxicos e também pelo fato das aplicações serem mais intensas nessa época do ano.

A gravidade destas intoxicações foi considerada leve-moderada em 80% dos casos e como grave em 20% das ocorrências (FARIA et al., 2004). Segundo o IBGE (2012), cerca de 70 milhões de brasileiros vivem em estado de insegurança alimentar e nutricional, sendo que 90% desta população, consome frutas, verduras e legumes abaixo da quantidade recomendada para uma alimentação saudável.

Segundo o dossiê ABRASCO (2012) a superação deste problema, seria por meio da conversão do modelo agroquímico tradicional e mercantil para um modelo de base agroecológica, baseado no controle social e na participação popular. No entanto, isso se trata de decisão política, de longo prazo, onde a educação continuada e a pesquisa também deverão ser fortalecidas nessa perspectiva.

Apesar da grande importância das atividades agrícolas, há pouco interesse no estudo de aspectos da saúde e segurança na agricultura. Existe grande interesse em desenvolver novas tecnologias para aumento da produção na agropecuária, sem levar em consideração os impactos à saúde e à segurança do trabalhador (FRANK et al., 2004).

Diante do exposto, no consumo de alimentos vegetais, o primeiro cuidado é saber a procedência dos produtos, optando sempre pelos que possuem origem identificada. Segundo a ANVISA (2011), a identificação aumentará o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos. Optar por orgânicos e sazonais também são procedimentos recomendados pela ANVISA para obter um produto livre de agrotóxicos. A lavagem correta dos alimentos e a retirada de cascas e folhas externas ajudam na redução dos resíduos de agrotóxicos presentes apenas nas superfícies.

CASSAL et. al. (2014) observam que no mundo todo, os efeitos dos impactos na saúde pública, bem como no meio ambiente vêm sendo percebidos. Em relação à saúde pública, o uso crescente desses compostos tem causado severos efeitos, sejam eles agudos ou crônicos, em vários trabalhadores, embora outros setores também sejam afetados.

O produtor rural é e será diretamente afetado. Ele tem que ser o primeiro a tomar providências, pois o seu ramo de atividade depende da adoção de práticas que conservem o meio ambiente e a sua própria saúde. É fato que para se produzir alimentos em larga escala, é indispensável o uso consciente dos agrotóxicos como uma ferramenta a mais para assegurar a proteção, contra baixas produtividades ou perdas de culturas.

Mas o controle químico só deve ser empregado após aplicação de todos os métodos de controles disponíveis, para se evitar problemas toxicológicos tanto para o homem quanto para o meio ambiente. Relatórios recentes de institutos de pesquisa demonstram que, caso nada seja feito, o clima será alterado em proporções drásticas, prejudicando especialmente aqueles setores da economia que dependem da natureza, como é o caso da agricultura.

ALMEIDA, V. S; CARNEIRO, F. F; VILELA, N. J. Agrotóxicos em Hortaliças: Segurança Alimentar e Nutricional riscos socioambientais e políticas públicas para a promoção da saúde. Tempus Actas de Saúde Coletiva, v.4, p.84-99, 2009.

ALAVANJA, M. C. Characteristics of persons who self reported a high pesticide exposure event in the Agricultural Health Study. Environ Res., 80:180-186, 1999.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxico em Alimentos (PARA), dados da coleta e análise de alimentos de 2011. Brasília

ANVISA, UFPR. Seminário de mercado de agrotóxico e regulação. Brasília: ANVISA. Acesso em: 11 abr. 2013.

BRASIL, 2010. Ministério da Saúde. Protocolo de Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos. Disponível em: Acesso em: 18 jul. 2013.

BRASIL, Decreto n.º 4.074 de 04 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei nº 7.802/89 (Lei Federal dos agrotóxicos). Brasília, Diário Oficial da União de 08/01/2002.

CARNEIRO, F. F.; PIGNATI, W.; RIGOTTO, R. M. et al. Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Parte 1 – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Nutricional e Saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2012.

COLOSSO, C.; TIRAMANI, M.; MARONI, M. Neurobehavioral effects of pesticides: state of theart. Neurotoxicology, 24, p.577-591, 2003.

DAMS, R. I. Pesticidas: usos e perigos à saúde e ao meio ambiente. 2006. Disponível em: 08 jun. 2013. DOSSIÊ ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde. Parte 1 – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Nutricional e Saúde. Acesso em: 10 jul. 2013.

FARIA, N. M. X., FACHINI, L. A., FASSA, A. G., TOMASI, E. Trabalho rural e intoxicações por agrotóxicos. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20, n.5, p. 1298-1308, 2004. FAO

FAOSTAT. Data base Results. [on line]. Disponível em: http://apps.fao.org>. Acesso em: 08 jul. 2013.

FRANK, A. L.; MCKNIGHT, R.; KIRKHORN, S. R.; GUNDERSON, P. Issues of agricultural safety and health.Annual Review of Public Health. Palo Alto, v. 25, p. 25-45, 2004.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA E GEOGRAFIA. Censo agropecuário do Brasil. 2006. Acesso em: 10 jun. 2013.

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LEVIGARD, I. E. e ROZEMBERG, B. A interpretação dos profissionais de saúde acerca das queixas de “nervos” no meio rural: uma aproximação ao problema das intoxicações por agrotóxicos. Caderno de Saúde Pública, Rio de janeiro, v.20, n.6, p. 1515-1524, 2004.

MOREIRA, J. C.; JACOB, S. C.; PERES, F.; et al. Avaliação integrada do impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana em comunidade agrícola de Nova Friburgo, RJ. Ciência & Saúde Coletiva, v. 7, n. 2, 2002. p. 299-311.

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CASSAL, Vivian Brusius; AZEVEDO, Letícia Fátima; FERREIRA, Roger Prestes; SILVA, Danúbio Gonçalves e SIMÃO Rogers Silva, Agrotóxicos: uma revisão de suas consequências para a saúde pública. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental – REGET, V. 18 n. 1 Abr 2014, p.437-445

Dr.Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Publicado no Portal EcoDebate, 26/02/2016. www.ecodebate.com.br

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El Niño vai marcar clima no País pelos próximos três meses

2016/01/27   admin
El Niño. Imagem: CPTEC/INPE.

El Niño. Imagem: CPTEC/INPE.

Especialistas preveem aumento de chuvas na região Sul e temperaturas acima da média em todo o Brasil

O fenômeno El Niño deve influenciar o clima no Brasil durante os próximos 90 dias. De acordo com o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), isso pode ser traduzido em aumento de volume e intensidade das chuvas na região Sul, redução nas regiões Norte e Nordeste, além de temperaturas acima da média histórica em praticamente todo o País.

O GTPCS reuniu-se na terça-feira (19), no primeiro encontro do grupo em 2016. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, participou da abertura e do encerramento do debate técnico, realizado na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os especialistas do GTPCS classificaram o fenômeno de “mega El Niño”. De acordo com o grupo de previsão climática, passadas duas décadas, ele regressa ao Brasil. Embora tenha perdido força, há 95% de probabilidade de o fenômeno permanecer atuante até abril.

“Estamos vivendo um El Niño muito intenso. Os seus efeitos são a diminuição da precipitação em grande parte do Brasil e muitas chuvas no Sul”, resumiu o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), Paulo Nobre.

O presidente do GTPCS, Carlos Nobre, salientou a redução das chuvas no semiárido brasileiro. Na avaliação dele, a região exige “atenção máxima” do governo federal. “É o quinto ano de chuva abaixo da média no semiárido do Brasil. O total de água armazenado no semiárido está diminuindo ano após ano causando impacto na vida humana, agrícola e animal. O semiárido deve enfrentar mais um ano de dificuldades”, disse.

Por sua vez, Pansera destacou a relevância dos dados levantados pelas principais lideranças na área de previsão climática do Brasil que compõem o GTPCS. “O Brasil tem um sistema de referência mundial de modelagem de clima. Isso ajuda o governo em ações como previsão para agricultura, consumo da água e produção de energia”, avaliou Celso Pansera.

Participaram da reunião o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped/MCTI), Jailson de Andrade; o presidente do CNPq, Hernan Chaimovich; e o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), Osvaldo Moraes.

Fonte: Portal Brasil, com informações do MCTI. Publicado pelo EcoDebate em 21/01/2016. www.ecodebate.com.br

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O silêncio ruralista diante da crise da água, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)

2015/12/18   admin

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Chama a atenção o silêncio tumular dos ruralistas diante da crise da água brasileira. Ela está vinculada ao desmatamento, a erosão da biodiversidade e a compactação dos solos. O ciclo das águas é uma teia de relações complexas que permite sua fluência e a existência da vida.

Havia um Código Florestal que defendia as áreas de florestas necessárias para preservar o ciclo das águas. Mas, ele não era obedecido. Como a desobediência dos ruralistas – e imobiliárias – eram crimes, então mudaram o código para que suas ações não fossem mais motivo de punição.

Hoje cientistas dizem que grande parte do ciclo das águas brasileiras tem origem na evapotranspiração da floresta Amazônica (Antônio Nobre), mas que depende do Cerrado para penetrar no solo e abastecer os aquíferos que sustentam grande parte da malha hídrica brasileira que se origina no Planalto Central (José Alves da UNIVASF e Altair Salles da PUC/Goiânia).

Ora, o setor ruralista está quebrando a dinâmica da floresta Amazônica e compactando o Cerrado pela força do desmatamento. O Cerrado não tem poder de regeneração.

Kátia Abreu disse que “desmatamos por uma das agriculturas mais produtivas” (UOL, 15/12/15). Portanto, assume que desmata, portanto, que quebra o ciclo de nossas águas.

Aqui no vale do São Francisco há uma guerra surda entre os vários setores da produção – principalmente irrigação e energia – pelo que resta de água no São Francisco. Entretanto, o São Francisco é um rio dependente do Cerrado. Sem os aquíferos do Cerrado, particularmente o Urucuia, não existe São Francisco.

Então, senadora, a equação não fecha. Sem água não há agricultura, mas sem vegetação não há água. O equilíbrio entre todos esses fatores que o agronegócio desconhece ou ignora. Mas, quem no mundo ruralista está disposto a pensar a atividade agrícola na sua complexidade de fatores e não de forma simplista em favor de uma economia imediatista?

Não há agricultura sustentável sem a permanência das florestas, sem a preservação dos solos e do ciclo das águas.

O silêncio ruralista sobre a crise da água não é casual.

Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.

In EcoDebate, 17/12/2015. www.ecodebate.com.br 

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Pesquisa da Embrapa desenvolve mandiocas biofortificadas nas cores creme, amarela e rosada

2015/11/06   admin
Foto: Embrapa

Foto: Embrapa

Mais nutritivas, de maior produtividade, colheita precoce e manejo mais fácil em comparação às convencionais. Essas são algumas características de seis cultivares de mandioca de mesa, conhecida também como macaxeira ou aipim, recém-lançadas pela Embrapa e adaptadas para a região do Distrito Federal e Entorno. O desenvolvimento do material contou com a participação de produtores rurais e técnicos extensionistas.

As novas cultivares são resultantes do programa de melhoramento genético de mandioca de mesa da Embrapa Cerrados (DF). Após dez anos de pesquisa, a Empresa lançou três cultivares de coloração da polpa da raiz amarela (BRS 396, BRS 397 e BRS 399), uma cultivar com a coloração da polpa da raiz creme (BRS 398) e duas cultivares com a coloração da polpa da raiz rosada (BRS 400 e BRS 401). As rosadas são enriquecidas com licopeno, o mesmo nutriente presente no tomate e na melancia e que se mostrou eficaz na prevenção do câncer de próstata.

Os novos materiais possuem características que atendem demandas tanto de agricultores quanto de consumidores. São precoces, ou seja, produzem a partir de oito meses, enquanto as cultivares precoces disponíveis no mercado geralmente começam a produzir dez a doze meses após o plantio. As novas variedades também possuem elevado potencial produtivo, arquitetura favorável aos tratos culturais, facilidade na colheita, resistência às principais pragas e doenças, baixo teor de ácido cianídrico (HCN) nas raízes, boa qualidade culinária, teor mais elevado de carotenoides além de características de importância agronômica e tecnológica.

Participação de produtores familiares

Um dos grandes diferenciais deste trabalho de pesquisa é que ele foi conduzido de forma participativa e envolveu diretamente os agricultores familiares da região, que testaram no campo os novos materiais. “Sabíamos que nosso trabalho teria que atender às exigências do mercado produtor e consumidor. Essas novas variedades passaram por testes preliminares dentro da Embrapa Cerrados, mas tínhamos o desafio de avaliar esses clones biofortificados com os produtores. Foi quando lançamos mão dessa pesquisa participativa. Ela não preconiza levar pacote tecnológico para o produtor, mas sim permitir um intercâmbio, uma troca de experiência constante entre o produtor, o pesquisador e o extensionista”, explica o pesquisador Josefino Fialho.

Os primeiros clones de polpa amarela e rosada biofortificados, gerados na Embrapa Cerrados, começaram a ser avaliados de forma participativa em 2011, tendo sido analisados 13 amarelos e oito rosados. Um dos agricultores que participou do projeto de seleção participativa foi Paulo César Gonçalves, cuja propriedade está localizada no Município de Planaltina de Goiás (GO). “Essas variedades são fora de série, só cultivando mesmo para saber. Elas aceitam bem a irrigação, produzem muito mais rápido”, conta.

Já especificamente as cultivares de polpa rosada representam uma nova opção para o mercado de mandioca de mesa. A coloração diferenciada está relacionada à presença de uma quantidade maior de carotenoides nas raízes, como o licopeno, que apresenta importantes propriedades antioxidantes. Sendo assim, são mais nutritivas do que as demais variedades de mandioca de polpa branca e creme. “As pessoas acham estranho num primeiro momento, mas acabam acreditando que é mesmo mandioca e se interessam ainda mais quando explicamos que ela é mais nutritiva do que as demais. Tenho certeza de que o mercado dessa variedade vai crescer muito”, conta o agricultor Raimundo Lúcio da Silva, que também participou do projeto.

De acordo com o pesquisador Eduardo Alano, a ideia agora, depois do lançamento dos materiais, é fazer uma pressão de seleção muito mais forte nas gerações seguintes. “Os próximos materiais terão que ser melhores que os nossos, que, por sua vez, já são melhores que os materiais-testemunha usados”, explica. “Estamos utilizando o Distrito Federal e o Entorno como nosso padrão. É o melhor mercado do Brasil para trabalhar com mandioca de mesa. O DF tem o maior consumo per capita e é onde estão os produtores mais profissionalizados”, aponta o pesquisador. A partir daí, a equipe vai ampliar a área de testes, encaminhando os clones para que sejam avaliados em outras regiões do Brasil por parceiros estratégicos.

A pesquisa participativa

Segundo o pesquisador Eduardo Alano, para que a pesquisa participativa funcione, ela precisa seguir alguns critérios: material genético para levar para os produtores, interesse dos produtores em testar esses materiais, mecanismo de extensão rural ágil e eficiente e, também, um financiador que acredite na ideia. “Ou seja, tínhamos todas as condições para que o trabalho fosse executado de forma eficiente”, ressalta.

O estudioso conta como a pesquisa efetivamente ocorreu no campo. “Depois de um trabalho árduo de visita aos produtores de praticamente todos os núcleos rurais do DF e Entorno, foram selecionados alguns deles para participar do projeto. Tínhamos que selecionar bons produtores para alcançar o resultado que gostaríamos”, lembra o pesquisador. Para uma boa abrangência no DF, foram escolhidos agricultores de diferentes núcleos rurais e com distintos sistemas de produção, inclusive orgânico, para que os resultados fossem os melhores possíveis, explica Alano.

Os produtores selecionados tinham a mandioca como carro-chefe da propriedade, ou seja, já se relacionavam com o mercado, vendendo o produto. Após essa fase inicial, foi feito, em conjunto com os produtores, o plantio das novas variedades. E, a cada dois meses, os pesquisadores visitavam os locais para acompanhar o desenvolvimento da cultura. “Estávamos sempre junto com os produtores, assim eles valorizam mais o trabalho. Não é plantar e só voltar para colher”, ressalta. Após a colheita, eram feitas as avaliações finais. Nessa oportunidade, pesquisadores e produtores se reuniam e os agricultores ranqueavam as variedades, de acordo com a ordem de preferência deles.

Os trabalhos de pesquisa foram conduzidos pela Embrapa Cerrados e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com os produtores rurais, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Fundação Banco do Brasil e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Resultados

Para mandiocas amarelas, foram 23 unidades avaliadas em diferentes pontos do DF. O pesquisador salientou a eficiência do trabalho, pois apenas cinco unidades (20%) foram perdidas, sendo apenas uma por falta de cuidado por parte do produtor – as outras foram prejudicadas por motivos como excesso de chuva, falta de água e ataque da broca-da-raiz da mandioca. O destaque entre os agricultores foi a BRS 399, eleita o melhor material em oito das 23 unidades. Nove agricultores a escolheram como segundo melhor material. “É o nosso campeão de produtividade”, aponta.

A cultivar IAC 876-70, conhecida como “Japonesinha”, é hoje a variedade mais plantada na região (detém 80% do mercado no DF) e participou da pesquisa como testemunha, obtendo posição intermediária no ranking. A tabela de probabilidade acumulada de classificação mostra que a BRS 399 ficou entre os quatro primeiros colocados em 86,96% das avaliações dos produtores, enquanto a IAC 576-70 ficou até o quarto lugar em 30,43% das vezes.

As vantagens destacadas pelos produtores quanto ao melhor clone foram arquitetura, já que a ramificação alta facilita o plantio mecanizado e a cobertura do solo; disposição das raízes; cor da polpa mais amarela que o material encontrado no mercado decorrente de maior teor de carotenoides nas raízes (10,88 µg/gms contra 6,40 µg/gms); produtividade média de raízes de 40,98 toneladas/ha, superando a média nacional e do DF (16 t/ha), bem como a média obtida com o cultivo da japonesinha (30,30 t/ha); a maior e a menor produtividade entre os produtores (69,79 t/ha e 16,46 t/ha, respectivamente) foram superiores ao maior e ao menor rendimento obtidos com a japonesinha (62,55 t e 11,46 t/ha).

Também destaque na classificação dos produtores, a BRS 397 tem arquitetura ainda melhor que a da BRS 399, retém as folhas mesmo no período seco, com produtividade média de 36,61 t/ha, produtividade máxima de 78 t/ha e teor de carotenoides nas raízes de 10,7 µg/gms. Já a BRS 396 tem a primeira ramificação um pouco mais baixa que a BRS 397, raízes mais curtas, com padrão mais comercial; produtividade média das raízes de 35,84 t/ha e pico de produtividade de 50 t/ha.

“É um material com raízes padronizadas. Deve ganhar espaço na região do DF”, aposta Alano. E o material BRS 398, que se esperava ficar em último lugar na avaliação em razão de apresentar polpa das raízes creme, chamou a atenção dos produtores que comercializam a mandioca em caixa, em virtude do padrão comercial das raízes.

Com relação às mandiocas rosadas, foram avaliados oito clones em 13 unidades. Somente cinco dessas unidades foram perdidas, sendo somente uma em razão da falta de cuidado por parte do produtor. Da mesma forma, foi feito o ranqueamento dos materiais, revelando dois com potencial: BRS 400, que ficou até a quarta posição em todas as propriedades, e BRS 401, que ficou até o terceiro lugar em todas as propriedades. “Esse tipo de situação é importante, pois nos dá mais confiança para recomendar esses materiais”, diz o pesquisador.

Apesar de a arquitetura da variedade BRS 400 ter ramificação baixa e necessitar de um bom manejo de espaçamento para a cobertura de solo, a produtividade média de raízes é elevada (28,58 t/ha), sendo que o topo foi de 45,79 t/ha. O teor de carotenoides nas raízes foi de 35,37 µg/gms. Já a BRS 401 apresenta arquitetura melhor, próxima à dos materiais amarelos, com média de produtividade 29,10 t/ha e pico de 59,88 t/ha. Um pouco mais claro que a BRS 400, apresenta teor de carotenoides de 22,15 µg/gms.

Perspectivas

A equipe de pesquisa agora espera dar continuidade às ações de melhoramento genético, com a geração e seleção de clones específicos para o bioma Cerrado, e também continuar o trabalho de melhoramento participativo. Diante da possibilidade de lançamento de mais materiais, será preciso investir em áreas de multiplicação de clones promissores. Estudos sobre adubação e calagem devem ser intensificados, bem como sobre irrigação em mandioca de mesa.

A utilização da mandioca na alimentação animal também é uma possibilidade, principalmente a parte aérea da planta, que não é usada após a colheita, e as raízes, que não serão comercializadas pelo produtor. “Já fizemos o levantamento da composição nutricional da parte aérea e das raízes de todos os materiais lançados”, explica Alano.

Outra área que já está sendo estudada é a da pós-colheita da mandioca, com agregação de valor por meio do processamento mínimo de raízes. E são perspectivas de estudo a realização da análise de processamento da mandioca açucarada para a produção de etanol; o estabelecimento de parcerias estratégicas para a introdução de clones em outras regiões; e o controle da broca da mandioca, trabalho recém-iniciado na Embrapa Cerrados com o objetivo de descobrir a época da chegada do inseto às lavouras e a melhor forma de controle da praga.

Serviço:

Produtores rurais interessados em obter mais informações devem procurar o Serviço de Atendimento ao Cidadão da Embrapa Cerrados. Os contatos são (61) 3388 9933 ou por meio do site www.embrapa.br/fale-conosco/sac

Informações sobre o sistema de produção de mandioca podem ser encontradas na publicação Mandioca no Cerrado: orientação técnicas, disponível gratuitamente no site: www.embrapa.br/cerrados.

Por Juliana Caldas e Breno Lobato, Embrapa Cerrados, in EcoDebate, 05/11/2015. www.ecodebate.com.br

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Agricultura orgânica deve crescer entre 20% e 30% no próximo ano

2015/10/02   admin
Área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares. Foto: Portal Brasil / Iano Andrade.

Área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares. Foto: Portal Brasil / Iano Andrade.

O Ministério da Agricultura divulgou, na quarta-feira (30), números sobre o mercado de orgânicos no País. Em 2014, a agricultura orgânica movimentou cerca de R$ 2 bilhões e a expectativa é que, em 2016, esse número alcance R$ 2,5 bilhões, segundo o setor.

Os produtos de orgânicos agregam, em média, 30% a mais no preço quando comparado aos produtos convencionais, de acordo com analistas do setor. Segundo Jorge Ricardo de Almeida Gonçalves, da Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a formação de preços depende especialmente do gerenciamento da unidade de produção, do canal de comercialização e da oferta e demanda dos produtos.

“Normalmente, os valores dos orgânicos são mais elevados que os dos produtos convencionais por terem uma menor escala de produção, custos de conversão para adequação aos regulamentos e processos de reconhecimento de sua qualidade orgânica”, assinala Jorge Ricardo.

Na sua avaliação, o produtor de orgânicos ainda carece de crédito diferenciado e de tecnologias e assistência técnica, além de infraestrutura e logística adequadas às características da produção e do mercado de orgânicos.

Atualmente, há 11.084 produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, gerenciado pelo Mapa. O banco de dados é liderado pelos estados do Rio Grande do Sul (1.554), São Paulo (1.438), Paraná (1.414) e Santa Catarina (999). Veja tabela abaixo.

A área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares. Nela, são produzidas hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café, castanha do brasil, cacau, açaí, guaraná, palmito, mel, sucos, ovos e laticínios.

O Brasil exporta para mais de 76 países. Os principais produtos exportados são açúcar, mel, oleaginosas, frutas e castanhas.

Normatização

A legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a qualidade dos alimentos: a certificação por auditoria, os sistemas participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem certificação.

Os agricultores que buscarem a certificação por auditoria ou participativa poderão utilizar o selo oficial nos seus produtos. O selo é fornecido por organismos de avaliação de conformidade credenciados pelo Ministério da Agricultura. Eles são os responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos produtos.

Os grupos de agricultores familiares que quiserem atuar na venda direta recebem uma declaração de cadastro emitida pelo Mapa.

O governo federal tem estimulado, em parceria com entidades públicas e privadas, a difusão da agricultura orgânica com cursos de capacitação, promoção de feiras orgânicas para o escoamento dos produtos e certificação da produção. A certificação garante a origem e a forma produtiva do alimento que chega ao consumidor, atestando que a produção está em harmonia com o meio ambiente.

Sistemas

Os produtores de orgânico destacam que a atividade tem impacto ambiental positivo, como a ampliação dos ecossistemas locais e a redução do aquecimento global.

A prioridade desse sistema é empregar matéria orgânica e adotar boas práticas que harmonizem os processos biológicos. Os produtos orgânicos são provenientes de sistemas baseados em processos naturais.

As técnicas para obter o produto orgânico incluem manejo da matéria orgânica, uso de adubação verde e biofertilizantes, consórcio e a rotação de culturas, emprego de sementes crioulas ou de variedades mais resistentes e adaptadas e utilização de controle fitossanitário biológico, mecânico ou cultural. Estes fatores garantem a qualidade dos alimentos orgânicos.

Fonte:Portal Brasil, com informações do Ministério da Agricultura in EcoDebate, 02/10/2015. www.ecodebate.com.br

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Brasil perdeu 1,8% de suas florestas entre 2010 e 2012, diz IBGE

2015/09/29   admin

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O Brasil perdeu 1,8% de suas florestas entre 2010 e 2012, segundo dados divulgados na sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2010, o país tinha 3,26 milhões de quilômetros quadrados (km²) de vegetação florestal, enquanto em 2012, essa área caiu para 3,2 milhões de km², uma perda de quase 60 mil km² em apenas dois anos.

Nesses dois anos, houve a reposição de 204 km² de florestas, mas o desmatamento foi quase 300 vezes maior: 59,4 mil km². A perda da vegetação florestal deveu-se principalmente à expansão agrícola, que respondeu por 68% da redução das florestas no país. A expansão da pastagem plantada respondeu por outros 28% e a silvicultura por apenas 4%.

Segundo a pesquisa Mudanças na Cobertura e Uso da Terra do IBGE, no entanto, a principal perda de vegetação natural ocorreu nas pastagens naturais, que são áreas de vegetação campestre natural sujeitas a atividade pastoril de baixa intensidade e que perderam 7,8% de sua superfície nesse período.

A expansão agrícola também foi responsável por 65% do recuo das pastagens naturais. Outros 35% de perda foram provocados pela expansão da pastagem plantada.

As áreas de vegetação campestre alagada, como charcos e pântanos, reduziram-se em 5,9%, enquanto as de vegetação campestre, como savanas, perderam 2,7% de sua superfície.

Ao mesmo tempo, as áreas artificiais, que incluem áreas urbanas, cresceram 2,5%, as áreas agrícolas aumentaram em 8,6% e as pastagens plantadas avançaram 11,1%. A silvicultura teve crescimento de 4,6% nesses dois anos.

Por Vitor Abdala, da Agência Brasil, in EcoDebate, 28/09/2015. www.ecodebate.com.br

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