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Água, minha paixão, meu monotema, artigo de João Ricardo Raiser

2017/04/05   admin

Um amigo disse certa vez que eu estava monotemático, ou chato, como esclareceu depois. E então sentenciou: – São assim as paixões. Nosso mundo gira em torno delas. Percebi ali a paixão por meu ofício – a gestão das águas, seus instrumentos, ciclo, escassez, conflitos, planejamento, integração com outras áreas, entre elas meio ambiente e uso e ocupação do solo. A responsabilidade de garantir que esse recurso limitado atenda a todos os usos.

“A água anônima sabe todos os segredos. A mesma lembrança sai de todas as fontes”. Nesta frase, o filósofo francês Gaston Bachelar nos mostra que todas as águas são as mesmas, sejam quais forem. São elas as mesmas águas em que meu pai me ensinou a sonhar, nadar, navegar e pescar, que moviam a pequena turbina que gerava luz para a casa do meu avô, na zona rural do Paraná, que irrigam plantações, saciam a sede, refrescam as manhãs e tardes, e às quais um dia entregarei minhas noites.

Após mais de 15 anos, percebo que esta paixão não é um encantamento frívolo, sentimental, tampouco está ligada só à dependência física, química ou biológica que temos da água. Essa paixão vem de perceber suas funções de integração e comunhão entre os usos, de não existir atividade em que não esteja presente como matéria-prima ou parte do processo. Intimamente ligada e recebedora dos impactos causados por nós ao utilizamos a terra e outros recursos naturais. Para mim, sendo inclusive a base da tão desejada sustentabilidade, conceito que parece abstrato, mas que pode ser alcançado se percebermos que, como a água, estamos todos ligados, direta ou indiretamente dependentes uns dos outros.

Muitos acreditam que pensar e falar em água é coisa nova, mas não é, que o digam os Romanos e seus canais, onde o uso destes deu origem a palavra rival (do latin rivales – aqueles que dependiam do mesmo canal); ou o Rio de Janeiro, que transportava as águas do rio Carioca, hoje degradado, pelos Arcos da Lapa, para abastecer a cidade; ou os países pelo mundo onde a água é fator limitante, seja pela escassez ou pelo usos; ou nós mesmos, no Planalto Central, “Berço das Águas no Brasil”, que tanto estamos sofrendo com sua falta.

A água, quando ligada a diversos usos (abastecimento público, irrigação, indústria, hidroeletricidade, transporte hidroviário, pesca, turismo e lazer) é chamada de recurso hídrico, para muitos uma palavra técnica, sem romantismo ou poesia, mas este sinônimo, conceito ou situação, não tira da água a sua essência: um recurso onipresente, que deve ser utilizado de forma racional, integrada e planejada, imprescindível às atuais e futuras gerações.

Aos apaixonados, causa sempre estranheza que os atributos da amada não sejam reconhecidos. E é desesperador ver como as águas vem sendo tratadas, as ausências e omissões, a indiferença com aquela “de todas as fontes”, como se fosse algo comum, qualquer, inclusive à revelia de Leis e Constituições vigentes, como se seus conceitos e razões não fossem suficientes, relevantes ou convenientes.

A gestão dos recursos hídricos, está ligada a 3 importantes áreas: Planejamento; Desenvolvimento econômico e social; e Condições ambientais das bacias. Entretanto, enquanto a sua gestão não for reconhecida e efetivada nestes pilares, continuaremos à mercê da chuva e da sorte, vivendo de conflitos e desabastecimento, de buscar heróis ou escolher culpados, assumindo e socializando severos prejuízos ao ambiente, aos setores usuários e à sociedade.

É imprescindível que cada um faça a sua parte. Do gesto mais simples à mais complexa decisão, seja da criança ou governante no mais alto posto, buscando proteger as águas, planejar, orientar e regular os seus usos.

É urgente reconhecer a importância e respeitar as funções dos componentes e instrumentos da gestão dos recursos hídricos, para que não nos reste somente a tristeza e desespero de repetir os versos finais de Drummond, em seu “Confidência do Itabirano”, ao pensar nas águas que não mais nos servem: “…É apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”

João Ricardo Raiser. Poeta. Administrador. Mestrando em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA), na UNESP – Ilha Solteira, membro de Comitês de Bacia Hidrográficas Federais e Estaduais, representante no Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Gerente de Planejamento e Apoio ao Sistema de Gestão de Recursos Hídricos da SECIMA/GO. Atua na gestão das águas desde 2002. [email protected]

Publicado pelo EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/03/2017.

Posted in: Artigo   Tags: água, gestão das águas, meio ambiente, uso e ocupação do solo
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